Por Helder Oliveira
O momento do inventário é de dor, afinal, ele é fruto do falecimento de uma pessoa próxima, do qual somos herdeiros. No entanto, é comum não termos ideia se o que tem na casa de nossos entes queridos vale alguma coisa. E é aí que entra o papel do perito, ninguém acha estranho chamar um perito para avaliar um bem imóvel, mas ainda há certa incerteza em fazer o mesmo para avaliar os bens móveis. Um perito pode avaliar esses pertences com o olhar de especialista e pode te dizer com a certeza que se precisa nesse momento, se os objetos tem valor financeiro, além de sentimental, o que pode fazer muita diferença na divisão dos bens.
Como fazer uma avaliação destes objetos?
Primeiro de tudo você deve entrar em contato com um perito especializado em artes. O ideal é que tudo já deve ser listado e fotografado. É importante que se possa ter fotografias de boa qualidade, pois, muitas vezes as avaliações podem ser feitas à distância (IMPORTANTE: avaliação não é atestado de qualidade ou de autenticidade, é apenas o preço do mercado do objeto àquele momento).
A maioria das avaliações que faço são à distância, e são feitas a partir de fotografias. O ideal é tirar fotografias de boa qualidade e de todos os pontos de vista do objeto (se é um quadro, por exemplo, frente e verso; se é uma comoda, a frente e o verso, as laterais, o fundo e o tampo; se é uma peça de roupa, a frente o verso, e as etiquetas que atestam a marca; no caso de uma porcelana, o máximo de vistas possíveis, especialmente o logo da marca; e assim por diante), sempre atentando para registrar em imagem as informações visuais que podem atestar a qualidade do objeto, ou seja, uma assinatura, um logo de marca, etiquetas, e mesmo documentos de venda, ou que acompanhem as peças por qualquer motivo.
Além de obras de arte o que podemos listar? Todo tipo de objeto de design (mobiliário, utilidades domésticas, vestuário, calçados e acessórios), objetos de valor (joias, utensílios em metais preciosos como talheres de prata ou ouro), antiguidades (mobiliários, objetos de decoração, faqueiros, jogos de porcelana, cristais, bibelôs, cartazes, livros etc.) e objetos colecionáveis (vinhos, porcelanas, moedas, papel moedas, álbuns e suas figurinhas etc.). Sim, é uma infinidade de coisas, e elas possuem formas de avaliar que são distintas. Tudo depende de contextualizar cada uma das peças para poder ter o real valor e saber, por exemplo, se é melhor colocá-las em um leilão, em um antiquário, um brechó, ou em uma galeria de arte para vender.
Feita essa listagem de objetos (e seus respectivos documentos, quando eles existem) e com as fotografias em mãos, é importante entrar em contato com um especialista, para que ele possa fazer a avaliação. Peritos cobram para fazer esse tipo de trabalho, e cobram por peça, por isso, verifique quanto cobram por peça. Geralmente, pelo menos é o meu caso, quanto mais peças, mais em conta fica o valor unitário de avaliações para inventários.
Dos objetos herdados talvez o que traga mais ansiedade aos herdeiros são as obras de arte. Afinal, não é difícil as pessoas não saberem se pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, fotografias etc. que os falecidos deixaram são ou não coisas valiosas no mercado. Devido aos inúmeros programas televisivos que mostram 'achados' em lugares inusitados, sonhamos com achar uma gravura de Miró autenticada entre as tranqueiras deixadas por aquela tia que viajava muito, ou um Rodin, entre as esculturas do avô excêntrico, ou ainda, que alguns daqueles desenhos guardados pelo irmão que sempre gostou de artes valha alguma coisa pois parecem ser renascentistas. Pois bem, achar preciosidades de grandes artistas, ou de períodos muito antigos, no Brasil, não é tão fácil, e nem tão comum quanto vemos em filmes e romances. Na verdade, a sensação que a maioria das pessoas tem quando se deparam com os objetos e coleções de pessoas que faleceram é: "Meu Deus! Quanta quinquilharia!"
No entanto, o fato de não ser de um artista muito renomado e conhecido não significa que nada vale. Pelo contrário, pois o mundo das artes é feito, grosso modo, por artistas que são pouco conhecidos e que são verdadeiros operários das artes, eles produzem e vendem incessantemente e vivem de suas artes. Eles podem não ter cifras imensas, ou ganhar destaque da grande mídia, ou mesmo da mídia especializada, mas sua produção tem seus clientes, e produzem e vendem suas obras sem parar, movimentando o mercado das artes em sua base. Por exemplo, há pouco tempo, a avó de uma amiga faleceu, e sua casa era repleta de suas próprias pinturas e desenhos, ela não sabia o que fazer e me chamou. Ela prontamente me informou que sua avó não era uma artista conhecida, mas que ela vendia aqui e acolá as suas obras, "em feiras e lugares assim". Bem, fui ver as obras e elas valiam entre R$100,00 e R$300,00 cada, a família tinham mais de 50 obras, portanto, eles tinham em mãos, de R$5.000,00 a R$15.000,00 em obras da parente falecida, não é muito, se comparado a obras de arte da linha de frente do mercado das artes, mas, como podemos perceber, também não é propriamente 'nada'.
Algo que também acontece é acreditar que algum tipo de objeto vale muito, porque ele é bonito (valor muito subjetivo para se pensar em avaliação de obras ou colecionáveis), ou achar que não vale nada porque é um objeto muito prosaico, muito cotidiano. Vou dar dois exemplos de coisas que vivenciei a pouco tempo: um colega, que estava de mudança, disse que tinha uma série de porcelanas que não levaria na mudança e queria saber quanto elas valiam, eu fui a sua casa avaliá-las, elas tinham sido um presente, e ele esperava que valessem muito, ou algo. Pois bem, elas eram lindas de fato, mas não valiam nada, não eram de marca alguma, não eram antiguidades, nem a procedência (local em que poderiam ter sido produzidas dava para saber), enfim, elas só serviam para o mercado de segunda mão (o que signfiica valer bem pouco, quase nada perto das expectativas dele).
Outro exemplo de avaliação, que foi pelo caminho oposto, foi quando uma empresa me contratou porque, ao usar um lugar locado mobiliado, ao longo do uso, sua equipe acabou quebrando um vaso. Contratou-me porque acharam um absurdo os proprietários pedirem indenização de mais de R$6.000,00 por um "simples vaso". Visitei, olhei o objeto, e em minha avaliação verifiquei que o vaso quebrado, para o azar dessa empresa, não era um 'simples vaso', mas era um Rosenthal, mais do que isso, era peça vintage (ou seja, original com mais de 30 anos), e ele valia por volta de R$8.700,00 no mercado de leilões nacional e internacional. Sim, um vaso desse é de interesse de uma casa de leilões do porte da Christie's ou Sotheby's.
Até aquela lira italiana que sua avó esqueceu na carteira, quando foi para a Itália na década de 1970, hoje tem valor para colecionadores especializados em numismática. As avaliações de objetos colecionáveis leva em consideração muitas variáveis, por exemplo, segundo Bruno Pellizzari, vice-presidente da Sociedade Numismática Brasileira, em entrevista a CNNBrasil diz que o erro mais comum das pessoas é achar que moeda antiga é sinônimo de valor: “Uma moeda emitida há duas décadas pode valer mais do que uma do Império ou da Colônia. O que dita o preço de uma peça não é a idade e, sim, a quantidade de moedas feitas naquele ano específico e o estado de conservação.”
Já fiz avaliações de memorabilias (objetos colecionáveis dos mais variados tais como: livros, discos, bibelos de porcelana, brinquedos, mobiliários, roupas, joias, acessórios etc.) que no final do inventário, os valores somavam mais de R$350.000,00. E tudo poderia ser tratado como 'tranqueiras sem valor' por uma pessoa que não compreende como funciona o mercado de artes, antiguidades, roupas de segunda mão, bazares, desapegos, leilões etc. Portanto, somente um especialista/perito pode te dizer se é, e qual o valor destes objetos no mercado, e se vale pena periciá-la de maneira mais aprofundada. Quando se trata de uma obra de arte, ou de um objeto colecionável de alto valor (como no caso do vaso Rosenthal), é necessário provar uma série de coisas, e ter uma documentação que valide o objeto feita por um perito, pois é isso que vai assegurar e mesmo valorizar ainda mais a peça. Um perito idôneo falará se vale ou não passar por uma perícia para certificar a obra de arte e/ou objeto colecionável. Cada objeto tem um contexto e uma maneira de ser avaliado.
Resumo da ópera: não subestime as coleções e objetos que as pessoas guardam ao longo das suas vidas. Essas peças podem ser muito pessoais por um lado, mas devido ao tempo, qualidade, e raridade, esses objetos podem valer mais do que se imagina em termos financeiros. Um perito saberá verificar se a peça está em bom estado, sua raridade, sua qualidade estética e possui as ferramentas adequadas para fazer uma avaliação honesta sobre esses objetos. Aqui na H.O. Especialista e Perito em Arets conto com uma rede de pesquisadores e especialistas que nos apoiam a averiguar, avaliar e atestar os valores de mercado de maneira realista. Você precisa de avaliações para um inventário?
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